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Mostrando postagens de setembro, 2014

NO PAÍS DAS MARIONETES

Palhaços fantasiados de brasileiros fazem uma Palhaçoata no Rio de Janeiro (Foto: revista Anjos do Picadeiro, julho 2014) Que falta de respeito, que afronta com a razão Qualquer um é senhor, qualquer um é ladrão (Tango de Enrique Santos Discepolo, 1934)             Como todo brasileiro, sou obrigado a compartilhar o momento presente com uma deprimente campanha eleitoral, onde reina o cinismo, o sofisma e a falta de pudor. Antes tínhamos complexos de vira-latas, na famosa frase de Nelson Rodrigues. Depois, viramos um Cambalacho, na versão de Raul Seixas para o tango de Enrique Discepolo . Hoje, somos o antro da hipocrisia, uma terra onde roubar, mentir, matar, corromper, ser corrompido, ou seja lá que delito for não constitui uma falta passível de ser sancionada pela lei. Pela lei, que lei? Desculpe, foi um ato falho.             Quando uma autoridade se manifesta, lá vem mentira. Quando a justiça toma a palavra, uma piada. Quando os jornais escrevem, vaselina. Quan

DIANTE DA VITRINE

(Foto: conexaoparis.com.br) Diante da vitrine, paro, sento, medito. Há um banco sobre o passeio, a vitrine da padaria com mil bolinhos, pavês, pãezinhos confeitados, mille-feuilles, tortas, éclairs, struddles, muffles, croissants, pudings e rocamboles. As línguas se misturam em meu desejo, minha consciência faz-se de juiz: “Seu lanche é às 17:30.” Por que nascemos com uma consciência, não bastariam o estômago e a vesícula? Nem sei para que serve a vesícula, sempre fui mal em aritmética e desconheço os cálculos biliar e renal. Mas sei das mil e uma utilidades do estômago, nosso segundo cérebro segundo os especialistas. Então, viva a consciência, essa porção de conjeturas que nos permite distinguir das espécies quadrúpedes, trípedes, bípedes e monípedes! - Quero quatro struddles. À merda minha consciência! - O quê? O senhor quer fazer uma confidência? - Desculpe, é minha consciência, sabe, a senhora provavelmente também tem uma. Está me dizendo que meu lanche é às 1

DENTES PRA QUE LHES QUERO!

               “Croquer la vie à belles dents” é uma expressão francesa que significa viver intensamente, desfrutar da vida como se tivesse fome, mordê-la literalmente, com um dose de canibalismo tropical.               Os dentes são nossa vitrine para o mundo, têm mil e uma funções, inclusive a estética. Mas custa caro mantê-los brancos e reluzentes, harmônicos como o teclado de um piano. A maioria de nós tem pequenas imperfeições, coroas, próteses, implantes, obturações, pontes, roachs, dentaduras e dentes sisos. Antigamente, quando começavam a doer, eram logo extraídos e ficávamos com uma horrível sensação de incompletude, tão vasta quanto a vergonha de abrir um sorriso banguela. Mas, ainda hoje, com recursos suficientes para transformar qualquer draculina em uma modelo de propaganda, os problemas abundam. Que diria algumas de minhas amigas! A Margarete quebrou o dente comendo pão. Fizeram um revestimento bonitinho e ela foi pra festa de casamento da irmã, com garanti