Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2014

BOLA DE PELO

O amiguinho de pelo não tem mais do que vinte centímetros de altura quando está em posição de descanso. No entanto, quando se move, com saltos graciosos e ágeis, é bem mais alto. É mais alto ainda quando fica de pé sobre as patas traseiras e fareja os arredores. Mas sua posição favorita é rente ao chão, estendido como uma diva sobre o divã, orelhas apenas de pé, pois coelho que tudo ouve não morre cedo. É discreto, ardiloso e furtivo. E silencioso também. Seus únicos ruídos são o ronronar gutural intermitente característico do estado de excitação ou a batida das patas traseiras quando precisa defender seu território contra algum invasor. Os gatos morrem de inveja de sua doce concentração. E de sua higiene também, pois ele não precisa de banho, xampu ou perfume. Basta-lhe um jornal para fazer as necessidades, dispensadas em pelotinhas inodoras, que mais parecem caroços de romã. Não solta pelos aleatoriamente, não ocupa espaço em camas e poltronas, não foge arredio pelas ca

SETE SURPRESAS

A bela igreja matriz de Sete Lagoas, da primeira metade do século XIX. Embora tenha morado por dezoito anos em Belo Horizonte, nunca havia visitado Sete Lagoas. Fi-lo nestes dias de fim de ano e muitas reflexões resultaram do que era para ser uma simples viagem turística. Em primeiro lugar, porque hoje é praticamente impossível viajar pelo Brasil sem incidentes relevantes, com estradas cheias e centros urbanos frenéticos, numa inarredável marcha pelo progresso. A pressa é tanta que não há tempo para planejar o que se quer fazer ou organizar o que já existe. Assim, as cidades vão crescendo aos trancos e barrancos, tornam-se lugares agressivos e pouco hospitaleiros. Esta é a primeira surpresa: Sete Lagoas, como tantas cidades pelo Brasil afora, cresce depressa e sem resposta equivalente em termos de infra-estrutura urbana. Pior: cresce destruindo a si mesma, derrubando o passado para em seu lugar erigir um presente provisório e sem personalidade. Um pequeno exemplo: um casarão c