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Mostrando postagens de maio, 2012

PELA CIDADE (Conto)

          - Juntar-me a uma mulher de novo, nunca mais, disse-me Jack, entre um trago e dois suspiros, um “tapa” e uma piada. Prefiro as mentiras sinceras das profissionais, elas mentem tão bem...   - Mas viver sozinho é muito triste.   - Sabia que os casados transam menos do que os solteiros?   - Sexo não é tudo na vida. Tem também a parte social.     - Tipo bolo de chocolate e estouro de balões em festinhas de aniversário...   - Não é tão ruim assim, Jack, as crianças se divertem e os adultos falam de futebol e novela. Que mal há nisso?   - Obrigado. Prefiro continuar a ser um lobo solitário a me converter em um cordeiro social. Em que pese a saudade da minha filha...   A filha do Jack era uma linda garotinha de olhos azuis e imaginação fértil. Tocava teclado e inventava histórias sobre bichos e alienígenas que eram publicadas no blog da escola. Quanto à mãe, isto é, a ex-mulher do Jack, bem, vou contar um segredo...   Os dois se conheceram nos tempos louc

LONDRES, MUITO MAIS QUE O BIG BEN

O prédio do parlamento e o Big Ben, símbolos da cidade.            Quando pensamos em uma cidade célebre, vêm-nos à mente seus mitos e estereótipos. Assim, ao invocarmos Londres fazemos imediatamente associações com a monarquia, com o jeito aristocrático de algumas de suas classes sociais, com as brumas de inverno e as cores dos magníficios parques no outono. Os mais in se lembrarão da cidade dos movimentos de cultura popular, berço de inúmeras bandas que ajudaram a definir a linguagem do rock, da swinging london (Mary Quant e a minissaia, no final dos anos sessenta), do movimento punk do final dos anos setenta e outros mais recentes. Podemos citar ainda a aparentemente bizarra mão inglesa, onde "right is wrong ", como costumam brincar os próprios ingleses - que é só aparentemente bizarra, porque indo pela esquerda ou direita dá no mesmo - ou o centro financeiro (a City) outrora punjante e agora fortemente abalado pela crise.           Três símbolos da c

ZIRCÔNIA (2ª parte)

(A primeira parte deste conto encontra-se na postagem anterior, abaixo) III          Grande esforço fora desprendido ao longo dos séculos para a consolidação da era da plena luz, sorriso “Accomplished”, têmpera musgo, move, safira, zinco. Os sorrisos diferentes tinham sido relegados como bibelôs de uma era de futilidades, persistiam apenas na memória de alguns programas decadentes, que logravam subsistir de forma paralela, graças à carga F-Positive.          Por isso a convocação do Concílio era uma ameaça letal para o povo de Tambling:          - Devemos reverter a programação. Há três gerações (isto significava mais ou menos trezentos e vinte anos), somos obrigados a viver no limbo.          - No limbo e na invisibilidade. Portamos disfarces A para nos parecermos com o povo Accomplished, mas não podemos sorrir.          - A carga F-Positive nos garantirá a máscara de seriedade e poderemos continuar a freqüentar o povo Zenit ou Alpha e até compartilhar seus rituais.